O presente estudo de mercado tem por objetivo analisar a situação do sector da aquicultura na Arábia Saudita. Para isso, será analisada a sua evolução nos últimos anos e serão discutidas as oportunidades que este sector oferece a potenciais exportadores e investidores estrangeiros.
O sector primário na Arábia Saudita, ao qual pertence a aquicultura, não tem um peso importante na economia saudita devido à relevância que têm os hidrocarbonetos. Segundo estatísticas do Governo, em 2019, o setor primário representou 2,3 % do PIB. No entanto, nos últimos anos em o quadro da Saudi Vision 2030, está em curso um processo de diversificação da economia do Estado e o sector da aquicultura foi considerado prioritário.
Embora a aquicultura esteja presente no país desde os anos 80, tradicionalmente a pesca sempre teve uma maior importância. Contudo, nos últimos anos, essa tendência está mudando e, assim, em 2018 a produção aquícola foi superior pela primeira vez às capturas de pesca. Sendo que atualmente, a produção aquícola excede 50 % da produção total de peixe Arábia Saudita.
Assim, a Arábia Saudita conta com dois tipos de aquicultura:
Devido à escassez de recursos hídricos do país e à pequena dimensão das instalações de aquicultura continental, a aquicultura marinha é fundamental. Além disso, os projetos em curso situam-se todos em zonas costeiras. Dessa forma, a produção total de aquicultura, 90 % provém da aquicultura marinha.
No que respeita às espécies produzidas, há que destacar especialmente o camarão, cuja produção representa 77 % da produção aquícola. Os restantes 23 % são repartidos por quatro espécies fundamentalmente: robalo, dourada, tilápia do Nilo e peixes ornamentais. Uma parte importante da produção de camarão destina-se à exportação, enquanto a produção de peixes é totalmente destinada ao consumo local. No futuro, com o aumento da produção de peixe, nomeadamente de espécies muito valorizadas como o salmão, está previsto exportar peixe para os mercados do Golfo, Europa e Ásia.
Existem várias empresas importantes no setor, a maioria capital saudita. A principal é NAQUA com uma capacidade de produção anual de 100000 toneladas entre camarão, robalo, dourada, pepino do mar e alimentos para aquicultura. É importante notar que os grandes projetos atuais e previstos configuram-se como projetos integrados verticalmente, o que implica que o mesmo projeto abrangerá todas as fases de produção, desde a criação dos juvenis até processamento do peixe, passando pela fabricação do próprio alimento do peixe.
Nos últimos anos, o sector abriu-se ao investimento estrangeiro e há que destacar os projetos do Evergreen Group e da Vikings Label, respetivamente empresas de capital chinês e norueguês. Também há que destacar o acordo alcançado por três companhias locais, JAZADCO, Tabuk Fisheries e Tharawat para formar a Advanced Aquaculture Company, que espera se tornar uma das principais empresas do sector.
A Arábia Saudita depende do comércio externo para abastecer o seu mercado local de peixe, embora nos próximos anos, com o aumento da produção aquícola, prevê-se que seja menos dependente das importações de peixe. As exportações incidem sobre o camarão, que representaram 87,9 % do total das exportações em 2019. O principal mercado de exportação é a RPC, destino de mais de 50 % das exportações de peixe da Arábia Saudita. No que diz respeito as importações, as principais remessas foram crustáceos e peixe fresco ou refrigerado, sendo os países do Golfo os principais fornecedores. Deve-se notar a importância do salmão nas importações, o que justifica o interesse demonstrado pela produção local do mesmo em águas do mar Vermelho.
É importante salientar que as autoridades sauditas estão a aplicar uma política protecionista para promover a indústria aquícola local. Nos últimos anos, foram proibidas importações de peixe de vários países do Sudeste Asiático, Egipto, Índia e Paquistão. Além disso, a autoridade alimentar, a Saudi Food and Drug Authority (SFDA) reforçou os requisitos para exportar peixe para a Arábia Saudita.
A procura de peixe ainda está longe do consumo médio mundial. Em 2019 o consumo per capita saudita não chegou a 8 kg por pessoa e ano, enquanto o consumo médio mundial é cerca de 20 kg. No entanto, o consumidor saudita reconhece a importância de incluir o peixe na sua dieta e avaliar o carácter local do peixe produzido. Além disso, serão realizadas campanhas de promoção do consumo de peixe nos próximos anos, com o objetivo de aumentar a procura em 8 % ao ano até 2030.
O sector da aquicultura apresenta oportunidades para as empresas portuguesas, tanto para a exportação como para implantação direta no país. Dessa forma, a exportação de componentes necessários para os projetos de aquicultura é considerada como um campo com potencial crescente.
O Ministério da Agricultura e Água, encarregado da aquicultura no país, tem em carteira vários projetos de aquicultura para realizar nos próximos anos. Atualmente não existem grandes obstáculos à entrada neste domínio, uma vez que um investidor estrangeiro está autorizado a deter 100 % da propriedade de um projeto de aquicultura. Devem ser tidos em conta os requisitos de contagem com mão de obra local e usar uma percentagem de materiais locais, bem como os múltiplos sistemas de controlo e exigências sobre os investimentos estrangeiros e a labilidade do sistema fiscal
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