O hidrogênio é o elemento atômico número 1, representado pelo símbolo H. Na natureza pode ser encontradoem combinação com outros elementos químicos, como na água: H2O. O hidrogénio pode ser isolado de forma artificial ese tornar um vetor de energia e também poder utilizar posteriormente a energia armazenada nele. As principais formas de obter hidrogénio são:

O hidrogénio é classificado por cor de acordo com o seu modo de produção e, por conseguinte, as emissões poluentes produzidas:

Por sua vez, o hidrogénio pode ser transformado em amoníaco (líquido), melhorando as suas características. O transporte, distribuição e armazenamento são muito mais simples, uma vez que se condensa em líquido em condições mais favoráveis. É um produto muito menos inflamável do que o hidrogénio, e, portanto, mais seguro. Além disso, a densidade energética do amoníaco é maior. Estas características fazem do amoníaco um vetor energético melhor do que o hidrogénio. Para produzir amoníaco, as moléculas de hidrogénio e de azoto devem ser combinadas pelo processo queconhece como processo de Haber-Bosch.

Os planos para o futuro da Arábia Saudita centram-se nos dois tipos de hidrogénio menos poluentes: azul e verde.

Dentro dos gigawatts que estão sendo desenvolvidos no Reino da Arábia Saudita dentro do plano Vision 2030 encontraNEOM, que é um ecossistema futurista que pretende se tornar uma referência turística e logística global, apostando na tecnologia, inovação e sustentabilidade. Estará localizado no noroeste do país, na província de Tabuk. Contará com uma extensão aproximada de 460 km. Foi anunciado em 2017 e, embora não se conheça o avanço real e o estado atual das obras, a ideia inicial é que uma parte da cidade seja inaugurada em 2025.

Dentro do projeto, destacam-se a cidade inteligente The Line, a cidade de montanha Trojena e a cidade industrial Oxagon, onde você vai encontrar a usina de hidrogênio verde.Em julho de 2020, foi anunciado o contrato assinado entre a empresa norte-americana Air Products, ACWA Power e Neom no valor de 5.000 MUSD para a construção da central de hidrogénio verde (denominada Helios) com tecnologia Thyssenkrupp, baseada na hidrólise da água. A energia elétrica que irá abastecer a fábrica será produzidapor uma usina fotovoltaica de 2.930 MW de capacidade e uma usina eólica de 1.370 MW. Além disso, a planta contará com um sistema de armazenamento elétrico de baterias de 400 MW de capacidade.

Em abril de 2022 começou a construção da usina, com um investimento de 900 MUSDpara o projeto EPC (Engineering, Procurement and Construction) que está sendo realizado pela empresa indiana Larsen & Toubro. A instalação deve estar em funcionamento em 2026 e gerar 650 toneladas de hidrogénio verde por dia, que podem evitar a emissão de3 milhões de toneladas de CO2 por ano. Espera-se também que isso resulte em 1,2 milhões de toneladas de CO2 toneladas anuais de amoníaco verde utilizando a tecnologia Haldor Topsoe.

O preço de geração de hidrogénio verde é fortemente condicionado pelo preço da eletricidade que é usado para produzi-lo. A planta de hidrogênio verde de Neom pretende ser a referência mundial desta tecnologia devido ao grande potencial de geração de energia elétrica em seus solares e eólicas, uma vez que o preço de produção dohidrogénio será altamente competitivo: estima-se que o preço seja, para o ano 2026, 2,16 USD/kg em relação ao custo médio estimado na Europa, de 3 a 5 USD/kg. Estima-se ainda que os custos da eletrólise e das energias renováveis continuarão a diminuir, podendo chegar a produzir hidrogénio verde a 1,50 USD/kg em 2030. Assim, prevê-se que estes custos continuem a baixar para 1,00 USD/kg.

Estas descidas correspondem à redução prevista dos preços da eletricidade de 18,3 USD/MWh para um custo de 2,16 USD/kg de hidrogênio até 13,0 USD/MWh para conseguir produzir o hidrogênio a 1,50 USD/kg em 2030. Para que o preço do quilograma de hidrogênio desça de 1 dólar, o preço da energia deveria ser inferior a 10 dólares por hora.

Devido à sua alta competitividade em custos, a fábrica será capaz, além de cobrir a demanda do transporte da cidade de Neom e da demanda da cidade industrial Oxagon, para exportar para os países vizinhos. A planta de produção de amoníaco verde tornará estas exportações mais competitivas, uma vez que é um produto com melhores características de transporte do que o hidrogénio.

Os planos da Arábia Saudita para o hidrogénio azul se concentram no leste do país, zona onde se encontram as principais reservas de gás natural. A razão pela qual as instalações de produção de hidrogénio azul estão localizados nessa área é porque é produzida a partir deste gás natural.

Saudi Aramco, empresa pública dedicada ao petróleo, gás e produtos petroquímicos, é a empresa encarregada de produzir este tipo de hidrogénio. Um dos pilares da estratégia para reduzir a pegada de carbono no país é a substituição do hidrogénio cinzento por hidrogénio azul para satisfazer a procura da indústria química nacional.

Os primeiros passos na produção e comercialização de hidrogénio azul foram dados em 2020, quando Saudi Aramco, com a colaboração da SABIC, enviou 40 toneladas de amônio azul para o Instituto de Economia Energética do Japão. Isto constituiu um novo marco na cadeia de abastecimento de matérias-primas necessárias para esta indústria.

Os preços de produção de hidrogénio azul são determinados tanto pelo preço de captura de gases poluentes como pelo preço do gás natural. Este últimotemum preço baixo no país, pois é um combustível que não exporta nem importa, mantendo-o a um preço baixo, de 1,25 USD/MMBtu. A este preço, o custo de produzir hidrogénio azul situa-se atualmente a 1,34 USD/kg, podendo baixar para 1,13 USD/kg se os custos de captura e armazenamento de carbono através da otimização dos processos.

Nesta região, além de estarem localizados os principais depósitos de gás natural do país, se encontram também indústrias que procuram hidrogénio (indústria de petróleo e gás, refinarias e indústria química), bem como aquíferos profundos de água salgada que possam ser utilizados como reservatório de dióxido de carbono capturado.A competitividade do hidrogénio azul é esperada baixa na Europa, uma vez que o custo dos transportes é elevado e o preço onde é produzido é baixo. As exportações para o Japão, país requerente deste produto, estão ameaçadas pela grande projeção da Austrália.

Assim, o hidrogénio azul na Arábia Saudita oferece grandes oportunidades para satisfazer a procura nacional, sendo utilizado como substituto do hidrogénio cinzento atualmente utilizado no país.

A agência internacional de energia estima que, no contexto da « Net Zero Emissions », a procura global de hidrogênio até 2050 será de 62 exajulios. Se este pressuposto se estende para o caso da Arábia Saudita, a procura do país será em torno de 12 milhões de toneladas por ano. Embora esta é uma estimativa delongo prazo e apresentado num contexto positivo para o mercado do hidrogénio, as previsões a médio prazo são também favoráveis. A procura nacional provém principalmente de dois sectores:

O mercado do hidrogénio na Arábia Saudita está em fase de introdução, pelo que as oportunidades de negócios no setor crescerão previsivelmente conforme este se for desenvolvendo. As oportunidades estarão principalmente no hidrogénio verde, porque é o tipo de hidrogénio destinadoa combater as alterações climáticas.

Além da geração de hidrogénio verde, existem também oportunidades no transporte de hidrogénio produzido emHélios-1. Como exposto acima, a planta será capaz de produzir mais hidrogénio do que se procurano país, permanecendo um excedente para o exportar aos países vizinhos e para a Europa. Para isso, coloca-se a questão da construção de gasodutos e, assim, a porta para novos contratos espanhóis. Além disso, no caso do hidrogénio azul produzido por Aramco no Leste do país, podem ser encontrados oportunidades em possíveis relações comerciais com esta empresa, como vem se desenvolvendo nos últimos anos (peças para máquinas, sistemas de transporte de gás, manutenção, etc.) bem como para a indústria química que procura este hidrogénio azul.

Para entrar no mercado saudita, recomenda-se fazê-lo junto de um parceiro local, uma vez que as oportunidades de sucesso aumentam muito. A experiência do parceiro local, bem como a confiança que dá ao cliente será Pontos-chave para a obtenção de contratos. No entanto, de acordo com a lei de investimento local, não é necessário ter um parceiro local na maioria dos sectores