Jordânia: O presente estudo visa analisar o mercado de calçado na Jordânia. Este mercado divide-se em três categorias: os fabricantes de calçado de mulher, que utilizam como matéria prima o couro sintético; os produtores de calçado para homem, que utilizam sobretudo a pele natural; e por último, os produtores de calçado de segurança e de calçado militar, que apresenta características especiais em termos de fabrico e materiais utilizados para a utilização a que se destinam estes produtos. Contudo, os dados do comércio externo a seguir apresentados agrupam o calçado conjunto, sem distinção entre géneros. Em qualquer caso, os peritos do sector consideram que a repartição entre calçado masculino e feminino no mercado é aproximadamente equitativo, embora o masculino seja, em média, ligeiramente mais caro.

Segundo especialistas do sector, existem atualmente cerca de 1200 lojas de calçado na Jordânia, das quais 550 estão localizados em Amã, a capital. A maior parte destas lojas pertencem a marcas estrangeiras, já que existem poucas fábricas de caráter familiar e oficinas artesanais de couro natural e artificial no país. Isto demonstra a reduzida produção local, que não é capaz de cobrir a procura, especialmente para o calçado mais sofisticado. Este facto reflete-se no volume das importações provenientes do país, que aumentaram em 2021, 19,71 % até 48 milhões de cerca de 66,5 milhões de euros, de acordo com os peritos do setor.

Embora a pandemia tenha provocado uma redução considerável das exportações, é evidente que o impacto da COVID-19 nas importações tem sido praticamente inexistente. Na verdade, estas aumentaram 3,41 % em 2020, e estima-se que em 2021 tenham aumentado 19,71 %, como mencionado anteriormente.

Além disso, importante ainda sublinhar que este mercado está dividido em três segmentos. O primeiro, e de maior volume, abrange o calçado de qualidade inferior e mais barato, cuja procura é satisfeita pela reduzida produção local e importações chinesas, líder indiscutível do mercado. Em segundo lugar, o calçado de gama média abrange os produtos importados de marcas europeias e turcas, entre outras. Trata-se de um segmento mais flexível em termos de qualidade, preço e prestígio. Finalmente, o segmento mais reduzido corresponde ao calçado de luxo, copado por marcas europeias com grande notoriedade.

Entretanto, é de salientar que, nos primeiros seis meses de 2022, houve uma redução do imposto de alfândegas para as importações provenientes da maioria dos países. Este imposto passou de ser de 30 % a 5 %, pelo que Portugal e os restantes países europeus vão perder a vantagem competitiva do Tratado de Comércio Livre com a UE, que entrou em vigor em 2002. Por outras palavras, a concorrência no sector vai para aumentar consideravelmente num futuro próximo.

Diversas marcas estrangeiras estão presentes no mercado jordano. Estas contam com estabelecimentos localizados em centros comerciais no oeste de Amã, onde reside a maior parte da população com um nível de vida Meio-alto, ou seja, o seu público-alvo. Sendo as franquias a forma mais comum de entrada dessas marcas internacionais no mercado jordaniano. Isto é, entre outros motivos, porque a legislação jordaniana não permite que o empresário estrangeiro seja proprietário de mais de 50 % de uma empresa estabelecida na Jordânia. Os principais grupos franqueadores não operam apenas na Jordânia, mas também em vários países da região, o que lhes permite obter condições mais favoráveis nas negociações com as marcas estrangeiras.

Assim, encontram-se no mercado marcas dirigidas a diferentes segmentos, como por exemplo as grandes cadeias de fast-fashion que, embora na Europa sejam consideradas marcas baratas, na Jordânia são apreciadas pelos consumidores de gama média.

Finalmente, atualmente começa-se a consolidar a tendência das lojas multimarca. Trata-se de estabelecimentos independentes que recebem stock de diversas marcas (normalmente de um mesmo tipo de calçado ou de um mesmo tipo de calçado país ou região) que mais tarde oferecem ao consumidor. Normalmente as marcas oferecidas não gozam de notoriedade internacional como para abrir seu próprio estabelecimento ou franchising, mas tem sido provado que eles podem encontrar colocação no mercado, uma vez que oferecem um estilo de calçado diferente, mas alinhado com as tendências globais do mundo da moda.

Segundo especialistas do setor, entre os consumidores jordanos de tendências ocidentais, em especial os do segmento jovem, a procura de marcas internacionais tem aumentado cada vez mais. Além disso, nos últimos anos, tem sido observado um interesse crescente pela moda e design, com o aumento do número de designers jovens jordanianos e a celebração de vários eventos deste tipo na capital do país, Amã.

Além disso, existem também oportunidades para marcas menos conhecidas que desejem vender a lojas multimarca, e cujos produtos tenham sido produzidos em Portugal e possam beneficiar do Acordo de Comércio Livre e do Acordo de Associação entre a União Europeia e a Jordânia. Segundo agentes do sector, existe um pequeno nicho de mercado para o calçado com um público-alvo de gama média-alta, que representa cerca de 5 % a 10 da população, disposto a procurar calçado para além das marcas mais conhecidas. Este tipo de consumidor compreende tanto os expatriados que trabalham em embaixadas e procuram um calçado mais afim aos seus gostos e orçamento, como turistas do Golfo que passam as suas férias na Jordânia.