Oportunidades na Economia Halal: Muito Além da Alimentação

A economia Halal está a emergir como uma das mais dinâmicas e promissoras forças de crescimento da economia global. Tradicionalmente associada ao setor alimentar, a palavra Halal, que significa “permitido” ou “lícito” em árabe, passou a abranger uma ampla gama de setores, incluindo cosmética, moda, farmacêutica, logística, turismo, finanças e até tecnologia, esta expansão reflete não apenas o crescimento demográfico dos países de maioria muçulmana, mas também a sofisticação crescente de um consumidor global que valoriza qualidade, ética, segurança alimentar e responsabilidade social.

Segundo estimativas recentes da DinarStandard, o valor global da economia Halal ultrapassou os 2,3 mil milhões de dólares em 2023, com previsões de crescimento sustentado até ao final da década. Este crescimento não se limita ao mundo islâmico, pois na Europa, o consumo Halal é já uma realidade significativa, em especial em países como a França e Alemanha e também no Reino Unido, com comunidades cada vez mais exigentes e em expansão. A nova geração de consumidores muçulmanos é mais urbana, mais digital e com elevados padrões de exigência, procuram marcas internacionais que respeitem os seus valores, mas que também ofereçam inovação, design, sustentabilidade e rastreabilidade das matérias-primas. Esta evolução está a redefinir o próprio conceito de Halal, que hoje se cruza com tendências globais como o consumo consciente, o bem-estar animal e a transparência na origem e produção dos bens, e de acordo com o Islamic Development Bank, há uma crescente procura por produtos certificados que sejam, ao mesmo tempo, éticos e alinhados com as exigências dos consumidores mais jovens.

Neste contexto, países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar posicionam-se como líderes na produção e consumo Halal, mas também como polos estratégicos para a sua distribuição internacional. Estão a investir fortemente em infraestruturas de certificação, zonas industriais especializadas, plataformas logísticas e feiras internacionais dedicadas exclusivamente à economia Halal.

Para Portugal, este movimento representa uma oportunidade clara de expansão internacional, uma vez que a reputação dos produtos portugueses em áreas como o agroalimentar, cosmética natural, moda têxtil e design de qualidade encaixam perfeitamente com o que muitos mercados Halal procuram: uma oferta diferenciada, autêntica, com altos padrões de produção e compromisso ético. Adiciona-se ainda que Portugal tem acordos comerciais ativos com diversos países muçulmanos e uma imagem externa de confiança, qualidade e credibilidade institucional, o que facilita numa enorme escala a expansão e integração nestes mesmos mercados.

Importa sublinhar que entrar na economia Halal vai muito além de adaptar um produto, exige compreensão cultural, rigor técnico e, em muitos casos, certificação Halal reconhecida internacionalmente. Segundo dados do State of the Global Islamic Economy Report, marcas que obtêm essa certificação aumentam significativamente a sua capacidade de exportação para mercados islâmicos, onde a confiança na origem e nos processos de fabrico é determinante. Setores com maior potencial de crescimento incluem: produtos alimentares premium com certificação Halal, cosméticos naturais e éticos, serviços de consultoria e formação especializada, bem como tecnologia aplicada à rastreabilidade alimentar e logística certificada.

Neste cenário, a economia Halal não deve ser vista como um nicho religioso, mas como uma nova forma de pensar o consumo global: mais consciente, mais ético e mais exigente. Para as empresas portuguesas, este é um espaço real de crescimento sustentável e estratégico, que permite conjugar expansão internacional com valores universais. Na MAAB, acompanhamos de perto a evolução deste setor e estamos preparados para apoiar as empresas portuguesas que queiram explorar e consolidar a sua presença na economia Halal.