A sustentabilidade tem conquistado um papel de destaque nos países do Médio Oriente, com a adoção de medidas governamentais que incentivam práticas ecológicas nos seus planos económicos de desenvolvimento. Um exemplo marcante é o Saudi Vision 2030, uma estratégia ambiciosa que visa ampliar e modernizar as atividades em diversos setores, inclusive o da moda.
O Saudi Vision 2030 tem como objetivo diversificar a economia saudita, reduzir a dependência do petróleo e promover práticas ecológicas. Para empresas portuguesas do setor da indústria têxtil e de vestuário, reconhecidas como líderes no caminho à moda sustentável, este cenário abre uma janela de oportunidade para parcerias valiosas.
Conforme as tendências atuais da indústria têxtil em Portugal, cada vez mais empresas procuram adotar práticas que privilegiam a produção e a demanda baseadas na responsabilidade ambiental. Muitas possuem certificações reconhecidas, como GOTS e OEKO-TEX, que asseguram a conformidade com padrões rigorosos de sustentabilidade. Além destas, diversas outras empresas também implementam práticas ecológicas como o uso de fibras recicladas ou orgânicas, a redução de emissões e a adoção de economia circular, mesmo sem as certificações formais, abrangendo desde pequenos produtores até grandes fabricantes.
Portugal apresenta-se como um parceiro ideal para apoiar esta transformação, graças à sua experiência em inovação e moda que visa a preservação dos recursos ambientais. As oportunidades para uma maior cooperação e internacionalização são vastas, com o Médio Oriente a emergir como uma região com grande potencial para parcerias estratégicas baseadas em soluções ecológicas e sustentáveis.
Além da valorização por práticas ambientalmente conscientes, marcas de moda sauditas e de outros países do Médio Oriente, como os Emirados Árabes Unidos, estão a reconhecer o valor do “Made in Portugal” como um selo de qualidade e compromisso com a sustentabilidade. As empresas portuguesas podem tirar proveito desta crescente procura por produtos que, além de serem de alta qualidade, seguem padrões éticos rigorosos, desde o sourcing responsável de matérias-primas até à produção e acabamento.
Enquanto a Arábia Saudita emerge como um player cada vez mais relevante no setor da moda, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, já se consolidou como um dos principais hubs internacionais dessa indústria no Médio Oriente. Ainda assim, a Arábia Saudita avança rapidamente nesse desenvolvimento, impulsionada pelas reformas econômicas e sociais promovidas pelo Saudi Vision 2030.
Os governos e associações empresariais da região também estão a investir nas indústrias criativas como parte das suas estratégias de diversificação. Tanto Emirados Árabes Unidos a Arábia Saudita lançaram iniciativas para promover designers locais e atrair talentos internacionais. Sendo assim, eventos como o Dubai Fashion Week e o Riyadh Fashion Week revelam algumas das oportunidades para as empresas portuguesas estabelecerem parcerias com designers e distribuidores da região.
Embora os Emirados Árabes Unidos ofereçam um mercado maduro, com forte conectividade global, o mercado saudita, por estar ainda em fase de expansão, abre portas para oportunidades promissoras, especialmente a marcas estrangeiras que se alinhem com a visão de sustentabilidade e inovação. O défice comercial de 6,5 milhões de euros no setor da moda em 2021 demonstra a clara dependência de importações, sobretudo de vestuário e calçado, o que revela uma oportunidade para marcas internacionais preencherem esta lacuna.
À medida que a Arábia Saudita se abre ao turismo e expande o seu setor comercial, a propriedade direta estrangeira de operações de retalho, recentemente permitida, facilita o acesso de marcas internacionais ao mercado, tornando-o mais acessível e menos burocrático do que no passado, quando joint ventures eram obrigatórias.
Além disso, a população jovem e crescente da região tem uma forte conexão com tendências globais de moda e um interesse crescente em marcas que promovem sustentabilidade e práticas éticas, fatores que podem beneficiar empresas portuguesas que já operam de acordo com esses valores.
Ao considerar este cenário, é evidente que as empresas que entrarem cedo no mercado saudita podem capitalizar no momento de expansão, posicionando-se como líderes num mercado que ainda não está saturado, mas que mostra uma clara intenção de crescimento e modernização. Com a reputação de excelência e sustentabilidade do setor têxtil português, esta é uma oportunidade a não perder.
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